domingo, 11 de novembro de 2007

A GRANDE INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA



Sempre defendi a tese de que a família é a grande responsável por tudo o que a pessoa é: caráter, personalidade, conduta, temperamento, tudo se agrega no meio social e cultural em que a criança é inserida da concepção aos primeiros cinco ou seis anos de vida. Os seres humanos são preparados genética, material, sexualmente para se casarem, se acasalarem, sei lá...ter filhos. Mas não o são psicologicamente, gerindo a partir daí o grande caos, os imensos conflitos que assolam a humanidade. A máxima "a culpa é da mãe..." não está longe de ter uma boa razão. Mas não é só da mãe, é do pai, dos irmãos, das babás, das empregadas, enfim, de todos os que constituem o ciclo familiar.

Para a criança incauta e inocente é muito difícil fazer a leitura do amor, do carinho ou da falta destes. Sendo, ao contrário, muito fácil, acumular mitos, transtornos, traumas, sofrimentos que serão conduzidos para o resto de sua vida, como resultantes das relações com papai, mamãe, irmãos e irmãs preferidos, preteridos, esquecidos, etc. etc.

Como ficam as relações dos filhos homens, com os pais que rejeitam os seus pais - masculinos - o pai mesmo? E se o filho é homem e o seu pai é aficionado pela figura da mãe? E neste mesmo caso, quando chega uma irmãzinha? Claro que este pai vai ter a sua preferência marcante por esta filha, que, de alguma forma, reproduz a figura da mãe, com quem ele se identifica mais. Enquanto o filho - homem - representa psicologicamente a figura do pai, com quem ele sempre competiu e compete, e agora, com meios e recursos superiores, como pai, o mandão, o dono do dinheiro, da experiência e o jogo da sobrevivência. E, quase sempre, irá oprimir, humilhar este filho, criando nesta criança sérias seqüelas, problemas e distorções emocionais, afetivas que poderão ser altamente prejudiciais. Um verdadeiro crime inconsciente que boa parte dos pais comete, daí os filhos que matam pais, se rebelam, fogem, se entregam às drogas à prostituição, às gangues competindo cegamente com os pais que não os compreenderam, não deram a devida atenção que, como filhos, julgam merecer.

Aí todas as recíprocas são verdadeiras em relação à figura da filha com a mãe, do filho com o pai; a posição do filho único, do caçula, do filho do meio, todas estas são circunstâncias a ser profundamente analisadas caso a caso. Não há uma receita mágica e única, cada caso é diferente e vai depender do universo afetivo dos pais com os avós, destes com os bisavós e assim, infinitamente.

Você pode pagar agora o preço por uma ação psicologicamente impensada da sua bisavó ou do seu tetravô que interferiu da mesma forma na sua avó, que passou para seu pai ou sua mãe, que chegou em você e que, certamente irá para os seus filhos, netos e assim por diante...É, é assim que a banda toca.

Daí o meu projeto que está que chamo de Orientação Familiar para a Qualidade de Vida, para o qual busco parcerias, pois poderá ajudar imensamente a humanidade a ser mais feliz. A diminuir os crimes por ciúmes, por competição, pelas agruras do amor, do sentimento e das paixões ao contrário. Está tudo vinculado à perspectiva dos sentimentos, do calor humano, que por sua vez, se ligam ao vínculo familiar, que, de acordo com alguns pensadores da antropologia é o túmulo da felicidade.

Descobri este texto com o qual ilustro esta matéria sobre a grande importância da interferência da família na formação da personalidade das pessoas, e, por conseguinte, da tipologia de relações humanas que concretizam a sociedade que temos.Trata-se das Meninas-Lobo, de B. Reimound em o Desenvolvimento social na infância e na adolescência. Diz ele:

Na Índia, onde o caso de meninos-lobo foram relativamente numerosos, descobriram-se em 1920 duas crianças, Amala e Kamala, vivendo no meio de uma família de lobos. A primeira tinha um ano e meio e veio morrer um ano mais tarde. Kamala, de oito anos de idade, viveu até 1929. Não tinham nada de humano e seus comportamentos e atitudes eram exatamente semelhantes àqueles de seus irmãos lobos.

Elas caminhavam de quatro patas, apoiando-se sobre os joelhos e cotovelos para os pequenos trajetos, e sobre as mãos e os pés para os trajetos longos e rápidos. Eram incapazes de permanecer de pé. Só se alimentavam de carne crua ou podre; comiam e bebiam como animais, lançando a cabeça para frente e lambendo os líquidos.

Na instituição onde foram recolhidas, passavam o dia acabrunhadas e prostradas numa sombra; mas eram ativas e ruidosas durante a noite, procurando fugir, se esconder e uivando como lobos. Nunca choraram ou riram.

Elas foram também submetidas dos mais simples aos mais sofisticados exames de ordem biológica e genética, constando-se que se tratavam de seres que não tinham quaisquer anomalias ou deficiências neste sentido, sendo, portanto, absolutamente normais, apenas foram profundamente transformadas psicologicamente pelo meio social - ou familiar - que as abrigou na primeira infância, ou seja, de 0 a 5 anos.

Kamala viveu durante oito anos na instituição que a acolheu, humanizando-se muito lentamente. Ela necessitou de mais de seis anos para aprender a andar e pouco antes de morrer só tinha um vocabulário de mais ou menos cinqüenta palavras. As pequenas e raras atitudes afetivas foram aparecendo pouco a pouco, apesar dos intensos esforços terapêuticos dos profissionais que a cercavam.

Ela chorou pela primeira e única vez por ocasião da morte de Amala e se apegou às pessoas que cuidavam dela e com as demais crianças com as quais conviveu. A sua inteligência permitiu-lhe comunicar-se por gest0s, inicialmente, e depois, por palavras de um vocabulário rudimentar, aprendendo a executar apenas ordens simples, mecânicas, lineares e repetitivas.


Vejam então o papel da mais absoluta importância que a família significa na formação das personalidades que conduzem as relações sociais. Veja como você trata seus filhos, como os repele, chama a atenção, estabelece limites. Lembre-se que você pode acertar ou errar profunda e definitivamente e de forma imperdoável. Então, por via das dúvidas, use e abuse do amor, do carinho, do afeto, do sorriso, do diálogo, do direito de voz e vez, de participação nas decisões. Passar a mão no rosto, nos cabelos, suspirar fundo e abraçar com profundidade é um santo remédio em todas e quaisquer circunstâncias. Lembre-se disso. Portanto, a mão que balança o berço é a mão que comanda o mundo...

Antonio da Costa Neto

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