sábado, 31 de julho de 2010

ALTA TENSÃO - BRUNA LOMBARDI


" Eu gosto
dos venenos mais lentos
dos cafés mais amargos
das bebidas mais fortes
e tenho
apetites vorazes
uns rapazes
que vejo passar
eu sonho
os delírios mais soltos
e os gestos mais loucos
que há
e sinto
uns desejos vulgares
navegar por uns mares
de lá
você pode me empurrar pro precipício
não me importo com isso
eu adoro voar."

terça-feira, 20 de julho de 2010

AFINAL, QUE PAI NOSSO É ESTE?...


Ainda Somos Bobinhos Demais...

Pobre de nós que ainda nem começamos a desconfiar das grandes mentiras que nos contam, à revelia de tantos estudos, pesquisas, universidades, conhecimentos, sabedorias filosóficas. Muitas delas impostas em nome de Deus, dos anjos, dos santos. E de uma porção de coisas bonitas e maravilhosas que inventam para nos enganar. Nos fazer de bobos e nos explorar com a maior facilidade. Grandes absurdos criminosos contra o povo, os trabalhadores, as mulheres, as crianças que sofrem, choram de dor e de fome, por exemplo.
Fui criado dentro da religão católica. Sempre e em todos os lugares que ia, na pequena cidade onde morava, vendo a cruz que ainda hoje é o ápice da grande igreja. A mesma que quando criança, meu sobrinho confundia com um castelo, e vivia me perguntando quem morava nele. Aliás, sua arquitetura é fantástica. Um prédio altíssimo, austero, no meio das pequenas casas simples habitadas por pessoas pobres. Com duas torres imensas que tocam os céus. Simbolizando o poder, a imponência. E no centro, lá bem no alto, um buraco negro, em círculo, como se fosse a boca de Deus. Gritando seus mistérios. E, de certa forma, impondo seu evangelho, sua palavra sagrada que comanda nossos pensamentos, palavras e ações.
Certa vez, foi comigo lá, uma amiga arquiteta que fazia seu mestrado, defendendo a arquitetura pela ótica marxista. E como eu havia comentado com ela que o povo da cidade era muito conservador, preconceituoso, retrógrado, estas coisas. Ela, ao estudar o prédio da igreja, veio fazer-me esta observação em forma de pergunta: - Como você queria que fosse a cabeça de um povo que é regido pela ordem cristã dentro de uma igreja como esta? Foi aí que começou a cair a minha ficha (e espero que caia a sua, agora. Mas... ao mesmo tempo entendo que se tivéssemos pessoas com capacidade para entender e desdobrar o que este texto diz, ele não teria razão de existir. Mas vamos ver no que dá...).
Os católicos - eu sou ex - aprendem que Jesus ensinou-nos a oração do Pai Nosso e que devemos rezá-la todos os dias. Considerando-a a maior das preces e o grande ensinamento vindo daquele que é o filho do Homem (macho, branco, altivo, bonito, de olhos claros, um belo exemplar de ariana raça). O mais consagrado elo da criação divina, com o restante dos mortais comuns e desprezíveis que somos todos nós. É que a ideologia judáico-cristã é poderosíssima. Bem mais do que seu ícone central, o Senhor de tudo, em volta de quem e sob os auspícios de sua vontade, circunda o universo infinito. Com seus planetas, gametas, estrelas, galáxias, sua luz, vida, tal o poder incomensurável do seu criador.
Analisando este contexto fico pensando em tanta psicologia que há por aí. E me pergunto porque nenhum só dos seus cientistas, das professoras nervosamente perfumadas que tudo lêem e que ensinam tal assunto nas universidades do mundo, não difundem esta brutal incoerência? Ou será que ela não existe? Seria fruto dos conflitos e distúrbios entre meus poucos neurônios?
Mas se explica-se tanto desde o ultrapassado Freud, que há uma profunda, consistente e imperceptível relação entre o consciente, o inconsciente e o subconsciente. O que, é óbvio, facilita a indução de crenças, de valores, da perversidade do Estado capitalista, socialista ou qualquer ontro. Por que não se funde isto ao ato da religião? Ou seria, esta politicamente neutra? Qual a razão do ter que rezar em voz alta, como se Deus fosse surdo. De olhos fechados, com o controle da respitração - o que facilita o domínio da mente da pessoa - e, e de forma infinita, a oração que o Senhor nos ensinou e que diz:

01 - "PAI NOSSO QUE ESTAIS NOS CÉUS, SANTIFICADO SEJA O VOSSO NOME. SEJA FEITA A VOSSA VONTADE ASSIM NA TERRA COMO NOS CÉUS... "

Como quem diz:
- Governantes nossos que estais nos palácios luxuosos, que têm os nomes acima do bem e do mal. Que a sua, e não, a minha vontade seja sempre feita dentro e fora de onde estão. Não seria isto uma predeterminação horrorosa e profunda na luta entre as facções da consciência e da inconsciência? E que acaba por beneficiar os mesmos comandos, os líderes, há milênios, como se fossem, aqui na terra a imagem do Criador maior, ou seja, a de Deus?

02 - "O PÃO NOSSO DE CADA DIA NOS DAI HOJE E PERDOAI AS NOSSAS OFENÇAS, ASSIM COMO NÓS PERDOAMOS AQUELES QUE NOS TÊM OFENDIDO..."

Como quem diz:
- Se a sua vontade que deve ser feita, então dai-nos o que comer, o que beber. Pois somos incapazes de conquistá-los sozinhos. E perdoai-nos, pobres coitados, pois, como humildes que somos, sempre perdoaremos as maldades, as injustiças que nos fazem. E assim, sempre...

03 - "E NÃO NOS DEIXAIS CAIR EM TENTAÇÃO, MAS LIVRAI-NOS DE TODO O MAL..."

Como quem diz:
- Não permita-nos outros prazeres - pois tudo é pecado contra vós - e, notadamente, os da carne. Pois se realizarmos tais desejos, estaremos prontos para questionar. Para lutar por alegrias outras. Por justiças que nos garantam a paz, a felicidade plena, das quais somos herdeiros legítimos. E por fim, já que não podemos conquistar os bens que satisfazem nossos desejos e necessidades? Não podemos gozar as delícias da vida? Seremos então induzidos a não sofrer com isto. E a vivermos de maneira pacífica. Embora explorados e carcumidos por um sistema maior que, mais uma vez cumpre a sua vontade suprema. E tudo continua bem, em paz e tido como normal. E em nome da justiça, da glória e da alegria perene que Deus, o Pai Nosso mais uma vez representa. E por isso, cumpre a sua vontade, ora!
Não seria isto uma lavagem cerebral inaceitável, em nome do bem? Mas culminando com o maior dos males contra os mesmos filhos do mesmo pai que é Deus? Não seria isto uma espécie de crime perpétuo contra a vida, a natureza que o mesmo Deus criou e por isso é o Pai? Por que os cristãos tão bons e tão preparados não enxergam este absurdo, esta lacuna esta dicotomia? Seria por isto a igreja católica tão forte e tão perene, estando aí firme como a mais consistente e duradoura das instituições mundiais?
Queremos muito a paz, a serenidade, a misericórdia. E, contraditoriamente, tudo o que fazemos é para a conquista do exato contrário. Inclusive, quando se reza com fé e para Deus, orações como o Pai e Nosso. Mas não sabemos o inconsciente c repete estas frases com a mesma força pelo bem do governo, dos patrões que nos assolam e do sistema que nos consome. Precisamos, antes de tudo, estar atentos. Pois rezar repetindo: "Pai Nosso que estais nos céus... Seja feita a Vossa vontade..." é rezar cpara Deus, até aí tudo bem.
Mas, é, aí que se inclulcam valores como quem fala de baixo para cima: do comandado para o comandante, da fêmea para o macho, do aluno para o professor, do povo para o governante, do empregado para o patrão, do pobre para o rico, do Brasil para os Estados Unidos, (os brasileiros dizendo a Lula, os goianos a Iris Rezende, os brasilienses a Roriz) por exemplo: - "Você que é melhor do que eu; que manda em mim e que define os meus destinos, então, que seja feita a sua vontade, e não a minha."
Com o quê, permitimos a exploração fácil, a socialização da míséria, as dores e sofrimentos que assolam o mundo. E são, muito pelo contrário, os homens céticos, frios e com absluta fome de poder é que inventam tudo isto e nos impõem. Em nome de Deus, do bem e do bom. Para expor-nos às mazelas e sofrimentos que, dificilmente suportamos e, com os quais, não chegamos a nos acostumar.
Começando a pensar e a agir assim - ao contrário do que possa parecer, sendo apenas uma questão de refletir com sensibilidade e inteligência - é possível que faremos Deus sorrir e se lembrar, de fato, que existimos. E, talvez seja mesmo, por força de sua vontade suprema. Mas, isto não será para agora. Quem sabe, para os próximos milênios. Ou, talvez, para nunca. Pois estou convencido de que a humanidade não quer mesmo, de nenhuma forma, ser feliz. Preferindo sofrer e reclamar. Acho mesmo que o ser humano foi feito para a eterna autocomiseração.
Portanto, cuidado. Pois é em nome de Deus e do extremo bem é que circundam as máfias mais poderosas, terríveis e maquiavélicas.Um mal maior do que aquele que você, na mesma oração, pede para se livrar. Não se iluda. Pois toda a vez que o seu consciente reza, cheio de fé e piedade, tudo ordena ao inconsciente e ao subconsciente a subserviência, a aceitação, a passividade em relação a que os que comandam fazem contra você. E, na condição de comandado, de pessoa do povo, de trabalhador, de aluno, de esposa, de negro, você acaba por obedecer e acatar como a vontade soberana "do alto".
Pobres dos filhos do Pai Eterno. E nosso!... E enquanto um de nós continuar rezando para ele, nestas mesmas contingências, o mundo não dará um passo sequer rumo à evolução que sonhamos. Seria esta, a verdadeira vontade de Deus?

__________
Antonio da Costa Neto

CODINOME BEIJA-FLOR


Codinome Beija-Flor
(1985)

Composição: Cazuza, Reinaldo Arias e Ezequiel Neves

Pra que mentir

Fingir que perdoou

Tentar ficar amigos sem rancor

A emoção acabou

Que coincidência é o amor

A nossa música nunca mais tocou...

Pra que usar de tanta educação

Pra destilar terceiras intenções

Desperdiçando o meu mel

Devagarzinho, flor em flor

Entre os meus inimigos, beija-flor

Eu protegi o teu nome por amor

Em um codinome,

Beija-flor

Não responda nunca, meu amor

Pra qualquer um na rua, Beija-flor

Que só eu que podia

Dentro da tua orelha fria

Dizer segredos de liquidificador

Você sonhava acordada

Um jeito de não sentir dor

Prendia o choro e aguava o bom do amor

Prendia o choro e aguava o bom do amor


sábado, 17 de julho de 2010



"Multipliquei-me, para me sentir.

Para me sentir,

precisei sentir tudo.

Transbordei.

Fiz senão extravasar-me.

Despi-me.

Entreguei-me.

E há, em cada canto de minh'alma

um altar a um deus diferente."



(Fernando Pessoa - poesias de Álvaro de Campos.

Passagem das horas - fragmentos)

sábado, 3 de julho de 2010

ATÉ QUE ENFIM...PERDEMOS A COPA!...


"Sinto vergonha de mim
Por ter sido educador de parte desse povo,
Por ter batalhado sempre pela justiça,
Por compactuar com a honestidade,
Por primar pela verdade
E por ver este povo já chamado varonil
Enveredar pelo caminho da desonra...
... Ao lado da vergonha de mim,
tenho tanta pena de ti,
povo brasileiro!"

(Cleide Canton - a partir do célebre discurso de Rui Barbosa)


Muito engraçado. O povo brasileiro é tido como inteligente, tinhoso, de garra, de luta... Tudo mentira, é só mais um capítulo da famigerada história da exploração fácil. O que é muito melhor, consistente e lucrativo com um povo iludido como o nosso. O brasileiro se satisfaz com uma sociedade horrendamente violenta, com a pior escola do mundo, com uma saúde mais do que precária, um transporte urbano que é o mais horrendo dos desrespeitos - e isto, há décadas, a séculos - o que somos, isto sim, é um povo acomodado, estanque, parado vendo a banda da história passar e não a acompanha. Uma sociedade de incaútos, ingênuos e muito facilmente manipuláveis. Uma turbulência de bobinhos esperando a próxima bolha de sabão colorida voar pelos ares o que é motivo mais do que suficiente para que todo o mundo morra de rir de tanta felicidade. Somos um bando de babões, isto sim. E quem adora isto são os políticos corruptos, os empresários hipócritas, os latifundiários brutalmente competitivos e desonestos, enfim...
Com um povinho assim, qualquer elite perversa, qualquer PT, qualquer Lula, qualquer um que tenha esperteza, vontade de se dar bem e com uma boa lesão no caráter se perpetua no poder, nas honrarias, no extremo bem-estar, na luxuria às nossas custas, em nossas costas, e, ainda por cima, rindo de nós. Precisamos antes de mais nada, nos conscientizar e nos rebelar, embora pacificamente contra tudo isto. E deixarmos de ser este amontoados de tolos, como aquelas mulheres sem-vergonha, que apanham de seus maridos e que vão, com o olho roxo prepararem seus almoços, lavarem suas cuecas imundas, e, ainda por cima, cheias de amor para dar, isto, literalmente.
E voltando à história da Copa do Mundo que, felizmente, acabamos de perder. Pois perdendo a copa, nós ganhamos e muito com a questão política, com a qualidade de vida, com as conquista no mercado de trabalho, os índices econômicos, e, o que é mais importante, com o resultado das eleições que aí vêm, a cidadania e tudo o que como autênticos filhos do Brasil nós, os nossos, as gerações que estão por vir, têm todo o direito.
Tentei convencer a secretária lá de casa que se desabalou num choro compulsivo com a derrota do Brasil e que, não por acaso tinha acabado de chegar com o filho doente de um mero postinho de saúde, onde, segundo ela própria, tinha sido pessimamente atendida, de que a possível vitória do Brasil era muito pior para nós porque serve de lavagem cerebral para que este tipo de situação da qual ela tanto reclamava pudesse um dia melhorar, etc. etc. Mas fui incompetente no sentido de convencê-la. A lavagem cerebral que o povo sofre em tais ocasiões e com outros fenômenos afins torna-se intransponível. E a moça lá de casa passou a tarde recebendo telefonemas de amigas, sofrendo, chorando e lamentando profundamente a derrota da seleção brasileira.
A história demonstra o mito do futebol como ópio do pvo. A perpetuação do pão e circo com se aprazem as elites que sabem que com isto, eternizam a exploração do povo, o uso, o abuso, os costumes de se manterem entre o que há de melhor enquanto socializam as migalhas para que seus subalternos não morram de fome, sede ou frio e tenham condições de trabalhar, produzir e serem, viciosamente, mais e mais explorados. Mas nós, coitados, o povo, não sabemos disso. Que Galvão Bueno por exemplo se refastela no dinheiro com o que mantem sua garganta e sua voz a serviço de perpetuar a escravidão de felizinhos e usados pelas elites capitalistas, pelos donos do mundo.
Os atletas e técnicos, toda a equipe, servidores, repórteres, jornalistas, juntas médicas, árbitros, psicólogos, servidores, todos os que fazem parte do círculo futebolístico da Copa representam a elite mundial. Ganham muito para isso. São acomodados em hotéis luxuosos, recebem uma lauta comida, poderes, status. Com o que batalham inconscientemente para fortalecerem o que representam e são, estrategicamente cegos para não enxergarem o estrago que fazem contra nós, os pobres, os trabalhadores, os marginalizados, os sem dentes. Pois são estes exatamente os que unem suas forças, os que formam as galeras, os que criam o mito do público, da força, dos milhões que são algozes, e por que não dizer, assissinos de si mesmos, dos seus sonhos, suas realidades, seus futuros.
Ganhar a copa é trocar uma alegria fugaz por mil desgraças a que nos sucumbimos diariamente para que os podereosos tenham o que sonhamos e para isto nos envolvem até a alma. Quem deve ficar tristes são eles, a Dilma, o Lula e sua trupe que sabem que com este desconforto torna-se mais fácil a futura vitória política de quem os opõem. O Dunga é quem precisa se entristecer, mas, com certeza ele está muito melhor do que todos nós juntos. Vamos nos refastelar e rolar de alegria, pois nós ganhamos com isto. E ganhamos muito. Juntemo-nos agora, por exemplo aos Adrianos e Ronaldos, que, certamente, têm o coração em festa, embora não assumam jamais pois seria anti-ético e muito menos, esperto. Miremo-nos neste exemplo. Já passa do tempo de deixarmos de ser bobinhos, tolinhos, manipuláveis. Em bom portugês: O que temos mesmo é de deixar de ser besta, rapaz!...

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Antonio da Costa Neto
antoniocneto@terra.com.br

quinta-feira, 1 de julho de 2010

CONSULTORIA ESPECIAL PARA EDUCAÇÃO SUPERIOR


CONSULTORIA ESPECIAL PARA A EDUCAÇÃO SUPERIOR.