terça-feira, 15 de novembro de 2011

NECESSIDADE URGENTÍSSIMA DE SE TRANSFORMAR OS PARADIGMAS DA EDUCAÇÃO


No meu livro: Paradigmas em educação no novo milênio (3ª edição, Ed. Kelps, 2011), apresento os quadros do que entendo pela necessária mudança dos paradigmas educacionais, que, atendendo a inúmeras solicitações, resolvi publicar aqui. Espero que possa contribuir com profissionais e estudantes de educação que estão em busca deste salto inadiável.

Transponho os quadros que envolve o Antigo Paradigma do Ensino - que, aliás é o atual e que entendo, devamos abandonar com a urgência possível. Apresento, em paralelo a proposta do Novo Paradigma da Educação, o que devemos adotar com a máxima urgência, se é que queremos resguardar a educação e a vida. Para ser didático, divido aqui o tema em partes que deverão ser analisadas como intercomplementares, e, em conjunto. E o faço desta forma, para facilitar o entendimento e a aprendizagem, conforme minhas sucessivas experiências sobre o assunto.

CONSTRUÇÃO PSICOSSOCIAL DO CONHECIMENTO –TRANSIÇÃO DO ANTIGO PARA O NOVO PARADIGMA DA EDUCAÇÃO

“O mundo começa na inteligência e na sensibilidade. E não, na estrutura, na legalização, na máquina”.

Saída do Antigo Paradigma

(do Ensino)

Entrada no Novo Paradigma

(da Educação)

1 - Políticas e Diretrizes

Leis de ensino criadas nas instâncias do poder. Feitas por indivíduos alheios ao fazer educacional e impostas aos executores, de forma rígida e inflexível como formas de perpetuar o modelo existente.

Currículos, programas e métodos gerais de trabalho educativo definidos na própria lei e executados minimamente no sentido do seu exato cumprimento.

A lei é inflexível e imposta. Prevê punições restritivas à sua não-execução, a partir da autoridade “competente”, da ordem estabelecida e do disciplinamento linear e rígido dos princípios.

Leis deterministas e unificadas com exigências mesmas para todas as escolas e dimensões do País, sem considerar as especificidades, as condições e nem mesmo as necessidades de cada unidade escolar, grupo, pessoa.

Leis, normas e dogmas dificultadoras do exercício da boa educação e, inconscientemente, facilitadoras da manutenção do poder e do privilégio de quem as faz, com vínculo permanente com a neutralidade ideológica.

A função da lei é, na verdade, regular, controlar e fiscalizar a execução do ato educativo pelo Estado. Visando a garantia de seus privilégios e benefícios, educando as pessoas a partir deste princípio norteador.

A lei regula a administração da escola, garantindo a continuidade do seu funcionamento à revelia da sua qualidade e da motivação dos indivíduos para frequentá-la.

Tendo a compulsoriedade e a obrigatoriedade legal de estudar como seu ponto de sustentação, independente do como, o que e para que explorar por meio dos estudos que realiza. A educação formal deixa de ser um direito e passa a ser uma obrigação,

cujo descumprimento deve ser punido por sanções estabelecidas pela própria lei.

Leis da educação elaboradas em conjunto pelos representantes do poder e os agentes educacionais, inclusive alunos, como a parte mais interessada.

Sendo flexibilizadas de acordo com cada realidade específica, de onde, de quando e de como são implementadas em cada prática específica.

As leis apenas orientam a execução dos conteúdos, programas e métodos gerais de trabalho que são flexibilizados e adequados a cada caso.

A lei deve nortear o ato educativo, incluindo a liberdade de ações dos seus agentes, o que já pressupõe o ato educativo em sua essência e operacionalidade: flexibilidade como teor fundamental.

A lei, em si, antevê as especificidades e condições de cada realidade e de cada escola. Possibilitando a gradualidade em sua execução.

Flexibilizando as exigências normativas para facilitar a existência e o acesso democrático a uma educação de real e boa qualidade para todos.

Leis que visem a facilitar a ação pedagógica de qualidade e com veiculação ideológica a serviço da população que se educa, em termos da sua conscientização real em vistas ao pleno exercício da sua cidadania (e não o contrário).

Legalizar a educação, não no sentido de controlar e punir, mas de facilitar e legitimar a sua ação rumo a processos qualitativos em busca das exigências culturais de cada época e cada realidade global onde se atua.

A lei deve versar sobre a qualidade da educação e do ensino, visando a orientar práticas pedagógicas consistentes, em função de motivar as pessoas para frequentarem uma escola que se preocupe em satisfazer as suas necessidades e, não, de compulsivamente, domesticá-las para o capitalismo.

“Não ensinar apenas o que já foi inventado. Mas, principalmente, ensinar e inventar”.

Saída do Antigo Paradigma

(do Ensino)

Entrada no Novo Paradigma

(da Educação)

2 - Conteúdos e Programas

Prontos, acabados, estanques e desarticulados entre si e do processo evolutivo como um todo. Fragmentos da disciplina ensinada em nome da ciência e do conhecimento (fim da educação).

Distantes da realidade vivencial dos agentes da ação educativa, informações desconexas: “cultura inútil” em sua maior parte.

Impostos pela ótica de quem comanda o próprio processo (deliberação) e em função dos próprios interesses, da competição e da exploração fácil.

Articuladores da produção em série de bens, produtos, mercadorias e serviços (modelo de reprodução), adequados à sociedade capitalista em ascensão industrial/comercial/de negócios.

Instrução direcionada para o treinamento, desenvolvimento de habilidades básicas de interesse econômico-produtivo.

Aspectos parciais e superficiais da ciência e que interessem à formação pragmática e funcional da pessoa, para fins de produção, consumo e lucro.

Subsidiando, desta forma, a exploração do trabalho e do trabalhador pelos detentores do capital.

Elementos teóricos que visam a garantir a superficialidade sociopolítica dos indivíduos, tornando-os úteis ao processo de dominação ditado pelo capitalismo internacional e a globalização da economia dentro dos esquemas neoliberais e suas convenções.

O conteúdo ensinado é, em si, o fim da educação. É preciso que o indivíduo domine o conhecimento que se presta à perpetuação do poder: o saber é objetivo, determinado, inflexível e comprometido com o domínio do capital. Assim, os conhecimentos instituídos são apenas aos que servem à formação do trabalhador submisso e do consumidor em potencial. Educação para perpetuar o poder e a realidade que existe.

Flexíveis, abertos, em contínua evolução e integrados por uma axiomática comum, transdisciplinar e atual/futura. Sendo o pressuposto básico da educação das pessoas (meio de se educar).

Contextualizados às diferentes realidades vivenciais individuais/sociais. Personalizados ao momento, ao interesse, à cultura e à sociedade, considerando suas especificidades.

Negociados a partir dos interesses de todos os agentes. Adaptáveis, mutantes e de conformidade com a evolução histórica e as necessidades do momento.

Articuladores do desenvolvimento integral do ser (perspectiva de transformação) para a vivência individual e coletiva, com vistas ao favorecimento de avanços, conquistas e melhorias concretas para todos os indivíduos.

Elementos para o desenvolvimento global e integrado do indivíduo/equipe/sociedade de forma plena, integral, crítica, política e contextualizada.

Fundamentação sistematizada da ciência transdisciplinar por uma abordagem dinâmica, flexível, evolutiva e contínua para a formação integral da pessoa e a concretização das mudanças desejáveis e esperadas.

Concepções teórico-práticas cada vez mais profundas, buscando o domínio epistemológico sobre os vários saberes, seus sentidos, desenvolvimento, desdobramentos e resultados para o indivíduo e as realidades globais que o cercam, em sua plenitude. Saberes necessários a uma vida melhor qualitativa e quantitativamente.

O conteúdo que se ensina é um dos caminhos para se educar. Educação para facilitar a multiplicidade de escolha e de formas de aplicação do saber: o conhecimento é intersubjetivo, volátil, e, fundamentalmente, plural intersubjetivo e comprometido com as pessoas.

“Não há nada mais fatal para o pensamento do que o ensino das respostas prontas. E é para isso que as escolas existem”.

Saída do Antigo Paradigma

(do Ensino)

Entrada no Novo Paradigma

(da Educação)

3 - Métodos e Técnicas de Trabalho

Centrados na figura do professor e facilitadores dos privilégios de quem ensina e comanda: (ensino/aprendizagem).

Fundamentados exclusivamente na indução psicológica para a reprodução instrucional dos conhecimentos necessários à perpetuação dos fatos sociais/interesses capitalistas.

Linearizados e massificantes, permeando uma ingenuidade ideológica não-perceptível de quem os utiliza. (instrumentos inconscientes de alienação das massas).

Exclusividade da racionalidade lógica (fechada, dura) para o domínio cognitivo e o máximo teor de reprodução do saber ensinado.

Massificados, mecanismos de treinamento ou adestramento eficiente do "aprendiz" que os recebe passivamente, para facilitar a reprodução do "ensinado" na prática cotidiana.

Prioridade quantitativa tendo como fim o cumprimento dos programas previamente estabelecidos por lei, não interessando o contexto ou a reação das pessoas.

Aplicação de normas e tática prontas, com o uso de manuais de ensino e recursos instrucionais clássicos, mecânicos e fragmentados. Facilitando, assim, a manipulação das pessoas.

Condução imperceptível do poder (do professor) sobre o aluno, aniquilando o seu teor pessoal de sustentação política e de criatividade.

Instrução do controle, da ordem, da disciplina, construindo os "pacientes sociais do futuro" e "marionetes teleguiadas" pelos poderes constituídos: do branco, do macho, do capital.

Favorecedores de benesses funcionais (espaço, tempo, etc.) à elite simbólica do processo de aprender (o professor) reforçando o modelo opressor/oprimido vigente na sociedade.

Facilitadores da aprendizagem, como prioridade: uma autêntica "ensinagem", voltados para o aluno: (aprendizagem/ensino).

Fundamentados na indução e dedução simultâneas, possibilitando a argumentação, criação e conclusão, numa abordagem de construção psicossocial de novos conhecimentos úteis e aplicáveis.

Atendem à complexibilidade das tipologias de raciocínios, personalizados e facilitando a consciência crítica para a participação transformadora do próprio saber, e, por consequência, da realidade.

Prioridade na racionalidade (lúdica e criativa) pela fusão e confluência dos processos cerebrais: razão, intuição, prática (pensar / sentir / fazer).

Personalizados a partir do conhecimento
das especificidades, ritmos, estilos, processos, desejos, motivações e necessidades dos indivíduos, grupos, turmas e da comunidade assistida.

Prioridade qualitativa do teor de aprendizagem, considerando as condições, a motivação e o contexto humano/social e suas complexidades.

Construção adequada de métodos, técnicas e recursos educacionais, considerando as diversidades históricas, tipologias e especificidades de cada caso.

Conjunto dos elementos, recursos e técnicas que favoreçam à captação e a construção histórico-crítica de saberes diversificados de forma criativa e autônoma.

Formas humanizadas de interagir na construção política do saber, construindo os "agentes sociais históricos do presente e do futuro" buscando a evolução, o crescimento, a educação de boa qualidade.

Redistribuidores de benefícios entre educadores e educandos e não criando vínculos ideológicos e simbólicos de dominação e poder: aniquilando consciências por meio da alienação das pessoas, mas favorecendo o seu desenvolvimento em múltiplas dimensões.

“A avaliação deve ser um instrumento rumo à melhoria e, não, à estagnação”.

Saída do Antigo Paradigma

(do Ensino)

Entrada no Novo Paradigma

(da Educação)

4 - Instrumentos de Avaliação

Fiscalizadores da capacidade e das habilidades reprodutivas do aluno. Instrumentos de punição, segregação e domínio. A busca do erro para manipular a pessoa.

Mecanismos de controle ideológico e
centralização do comando (num autêntico poder de polícia): domesticação do raciocínio.

Norteadores dos princípios punitivos, reproduzindo o poder do dominador (professor) sobre os dominados (alunos) perpetuando a sociedade opressora.

Consideram apenas os resultados, os processos não são valorizados e os acertos são analisados como fatores quantitativos e estáticos (acertar é obrigação).

Provas, sabatinas, arguições e resolução de exercícios estruturais e complementares, de forma estanque, inflexível e exclusiva para a reprodução, o controle, a nota, a aprovação (se não for possível a reprovação).

Avaliação do professor sobre o aluno a partir do julgamento dos acertos e punição dos erros de cognição sendo só o que interessa: adestrar pelo conhecimento, mecanizar o pensamento.

Aceitação apenas da capacidade quantitativa de reprodução simples do conhecimento ensinado. Capacidade epistemológica não é considerada.

Avaliação para o contexto quantitativo e burocrático do resultado e da menção a ser auferida (meio de policiar) e o controle realizado, comprometido ideologicamente.

Classificam e segregam os que conseguem aprender dos que apresentam dificuldades, nominando-os de fortes ou fracos; aptos ou inaptados, sem considerar os fatores individuais e sociais. Negando oportunidades iguais para todos.

Instrumentos que comprovam apenas a linearização dos resultados mecânicos da aprendizagem ou a internalização do conhecimento:

registro/policiamento/punição/segregação das pessoas.

Facilitadores da aprendizagem e articuladores dos processos de ensino. Instrumentos de promoção humana centrados no aluno. Busca o certo para valorizar o seu agente.

Recursos de retrofeedback do trabalho dos educadores e educandos (análise da capacidade de educar) indicando falhas e defasagens de ambas as partes (“Ensinoaprendizagem” como processo único).

Norteadores dos princípios da promoção humana e valorização dos fazeres educativos globais para a interação na qualidade de vida.

Priorizam os resultados, incluindo os processos, valorizando as tentativas e entendendo o erro como fonte da construção do conhecimento (o erro é pedagógico).

Uso diversificado dos vários recursos disponíveis, de formas múltiplas, complementares e integrativas, considerando os teores e as condições individuais/sociais/contextuais/outras.

Avaliação do professor, dos colegas e auto-avaliação, valorizando todas as performances, tentativas e o processo em si.

Priorização da aprendizagem, valorizando a evolução genérica do agente educacional enquanto ser individual e social em desenvolvimento.

Avaliação para a reestruturação adequada dos processos gerais de ensinar e de aprender vendo a educação em permanente estado dinâmico.

Identificam falhas e defasagens quando estas acontecem buscando conhecer e considerar as diferenças individuais, ritmos, estilos e motivações.


Reconduzindo, assim, os procedimentos
pedagógicos possibilitando oportunidades iguais para todos. Não só provas, mas, com vários instrumentos de avaliar o ensino e o aprendizado das pessoas.

Orientam os passos gerais que possibilitam a melhoria dos processos e dos resultados educativos: crescimento/desenvolvimento/evolução.

“Aquilo que um dia eu não sabia me foi ensinado. Eu aprendi com corpo e esqueci com a cabeça”.

Saída do Antigo Paradigma

(do Ensino)

Entrada no Novo Paradigma

(da Educação)

5 - Performance Esperada do Aluno

Ordem, disciplina e subserviência aos controles impostos e às obrigações estabelecidas previamente pelo comando a que se subordina.

Respostas imediatas como resultado da aprendizagem (reprodução do ensinado) sem, necessariamente, contextualizá-las, refletir ou transformá-las.

Passividade e adequação por consenso aos esquemas impostos pelos comandos, mesmo não sendo os mais desejados: ajuste, subordinação ao domínio.

Raciocínio linear e cumprimento dos deveres, obrigações e normas determinadas de forma rígida, inflexível. Obediência, e aceitação, sem questionar nada, de preferência.

Rigor na capacidade de assimilação e reprodução dos conteúdos ensinados de forma mecânica e repetitiva, sem alterar os contextos.

Quietude, pontualidade, cumprimento dos deveres e obrigações de maneira subserviente, pacífica de acordo com a ordem definida pela escola (de sujeito para objeto).

Atendimento das exigências funcionais da instituição e dos moldes técnicos e burocráticos do funcionamento, da regra, da norma pronta, estática, imposta.

Cumprimento dos modelos de modo que não altere os aspectos gerais estabelecidos pela instituição escolar, favorecendo à mentalidade conservadora.

Adequação, obediência plena e postura de admiração aos superiores e à hierarquia do mecanismo institucional e tradicional, sejam eles quais forem.

Postura de aceitação e de respostas imediatas (se possível) aos comandos estabelecidos, regulamentando a execução inflexível do que for determinado (formação inconsciente do eterno oprimido).

Senso de justiça, participatividade, questionamento, visão crítica, evolução permanente e em todos os sentidos. Um ser criativo em mudança.

Crescimento em nível de processos e resultados de aprendizagem e educação (transformação pelo conhecimento): exteriorizando a nova cultura pessoal.

Articulador consciente de análises dos fatos sistematizados quando necessário, de acordo com os
próprios desejos (anseios/necessidades).


Raciocínio divergente, pensamento complexo, cumprimento negociado dos deveres e reivindicações dos seus direitos. Sendo sujeito ator da própria história. E não, um paciente do processo.

Capacidade de sistematização do saber e do conhecimento por uma abordagem epistemológica autônoma e própria, substituindo o escutar pelo produzir.

Cumprimento articulado dos deveres a partir da consciência crítica de sua práxis enquanto sujeito em evolução e, não mais, de forma ingênua, acrítica e parcial.

Iniciativas válidas na construção permanente do universo educativo como um todo integrado à vida e seus processos, resultados e esperanças de melhoras.

Postura de transformação se o modelo não estiver satisfazendo plenamente a todos os integrantes do sistema. Afinal, a educação é para o aluno e a escola, também.

Autonomia, liberdade, ação e participatividade na reestruturação dos processos e resultados educativos e vivenciais fazendo a frente às circunstâncias novas.

Postura de desenvolvimento integral. Nova performance para além da eficiência no pleno exercício da cidadania no presente e no futuro, buscando as melhorias possíveis do contexto e da plena cidadania (formação do ser político, crítico e contextualizado).

“A tarefa fundamental do professor: seduzir o aluno para que ele deseje e, desejando, aprenda”.

Saída do Antigo Paradigma

(do Ensino)

Entrada no Novo Paradigma

(da Educação)

6 - Papel do Educador

Autoridade central e responsável pela reprodução do conhecimento e da condução do saber e seus resultados. Detentor do poder de julgar, punir e decidir pelo aluno e seu futuro educacional.

Condutor absoluto das decisões, dos meios, normas e princípios (dono da verdade) de acordo com critérios pessoais inquestionáveis.

Representante autêntico dos poderes hegemônicos, avalizando, em sua prática, as benesses tradicionalmente constituídas no plano social e que são simbolicamente transferidas para o plano educativo.

Executor das funções instrucionais estanques, em nome do processo educacional. Indutor de regras, princípios, normas e conhecimentos disciplinados, conduzidos e cobrados por ele.

Cumpridor do seu papel dentro dos regimes contratuais e profissionais determinados pelo empregador, sem questioná-los.

Atender e cumprir programas, currículos e núcleos funcionais e burocráticos inerentes à sua função de profissional da "educação".

Deve atender aos regimes da eficiência instituída para o seu trabalho e o cumprimento de suas tarefas e normas que são estabelecidas pelo comando.

Satisfazer a organização acerca dos princípios funcionais visíveis, adequando-se aos esquemas impostos pelos regimes pelo mesmo poder institucional.

Instrutor, indutor de normas e conhecimentos que apenas interessam aos detentores do poder de decidir (gerente, técnico, pragmático). A função educacional é absolutamente complementar e acessória, sob a função técnica, administrativa e burocrática.

Transcende à função de facilitador da aprendizagem, promovendo as múltiplas dissensões do processo educacional numa autêntica parceria cooperativa e de trocas simultâneas entre todos, indistintamente.

Articulador de negociações para processos de decisões, normas e princípios de ação construídos contínua e coletivamente no ato educativo.

Agente de transformação e construção do fazer educativo, desencadeando a visão complexa do aluno, seus fins e estratégias nos sentido teórico e prático, de forma afetiva, lúdica, prazerosa.

Agente por excelência, exercendo as múltiplas funções em coerência com as dimensões paradigmáticas escolhidas e adotadas para o real benefício de todos os envolvidos direta ou indiretamente.

Consciente e cumpridor de sua missão por princípio, conduta ética profissional e compromisso político, associados. Não só técnico, instrutor ou professor, mas, educador.

Analisa, desdobra e orienta a transformação do processo com vistas à qualidade educacional devidamente contextualizada ao lado pedagógico.

Procura articular a eficiência, a eficácia e afetividade historicamente articuladas no que faz, contribuindo para construir a real educação, em todos os aspectos, associando competência à vontade política.

Exerce a sua conduta cumprindo dialeticamente os princípios organizacionais e políticos da sua função de educar/desenvolver verdadeiramente as pessoas.

Catalisador das múltiplas formas do conhecimento, facilitando aos processos de pensar, de desaprender, aprender e reaprender continuamente. A função de educar é fundamental e básica em todos os momentos da atividade humana e feita com bases críticas, contextuais e transformadoras.

“Seguindo-se ao tempo em que se ensina o que se sabe deve chegar o tempo quando se ensina o que não se sabe”.

Saída do Antigo Paradigma

(do Ensino)

Entrada no Novo Paradigma

(da Educação)

7 - Gestão da Escola

Administração linear e descontínua com base na unidade de comando, na estrutura hierárquica e no padrão burocrático exigido por leis e normas impostas (a escola é uma empresa).

Desconexão entre as atividades-meio (burocráticas) e as atividades-fim (acadêmicas), gerando o eterno antagonismo (faz-e-desmancha) entre o administrativo e o pedagógico/acadêmico.

Ênfase nas exigências administrativas e técnicas, dando à gestão uma tipologia empresarial e com vistas a resultados desarticulados do contexto macro.

Centralização do poder, exclusão da autonomia dos agentes na definição geral e específica de políticas, diretrizes e normas de funcionamento e ação reproduzindo, assim o modelo da sociedade repressora vigente.

Rigidez das normas e dos métodos de ação cotidiana com base nos princípios norteados pelos níveis “superiores”, sem exceção.

Preocupação com a estrutura, as regras de funcionamento e a exteriorização burocrática de "possíveis" resultados e em consonância com os regimes constitucionais e econômicos de cada época.

A norma prescinde ao bem-estar das pessoas, sendo, que essas é que precisam adaptarem-se ao esquema técnico estabelecido (a pessoa deve satisfazer a norma) Tratamento mecanicista e framentário dos fatos.

Planejamento como função regimental apenas para atender aos pressupostos das que dizem do que é feito ou que se devia fazer. “Política das aparências” para garantir o funcionamento da escola dando respostas estatísticas a respeito das possibilidades da educação e do ensino.

Gestão cíclica, contínua e participativa com base na construção coletiva, na flexibilização hierárquica e na minimização da burocracia, com fins educacionais (a escola é uma escola).

Integração permanente entre as atividades meio-e-fim, sendo ambas interrelacionadas, recíprocas e mutuamente facilitadoras, em processo de evolução permanente.

Ênfase nas características acadêmicas e educativas, dando à gestão uma tipologia didático-pedagógica visando a priorização dos processos aos resultados finais de evolução e crescimento.

Poder altamente descentralizado a partir da autonomia real de todos os agentes (principalmente o aluno) na definição, até em nível de detalhes, das política diretrizes e normas de ação e conduta.

Flexibilidade/elasticidade de normas, métodos e ação. Adaptando, se necessário, os princípios norteadores em todos os níveis hierárquicos.

A preocupação com a conjuntura e as normas deve facilitar o funcionamento acadêmico para que processos e resultados independam da formalização burocrática, de sua apresentação ou aparência.

O bem-estar das pessoas que é o princípio definidor das normas e do esquema técnico Sendo, a flexibilidade, o embasamento fundamental de todo o processo (a norma é para satisfazer a pessoa). Tratamento harmonioso e humanístico dos fatos.

Planejamento utilizado como instrumento realmente facilitador da ação e do projeto pedagógico a ele inerentes e concretizados na prática cotidiana da escola. “Política da essência”, conduzindo processos educativos reais no tocante à qualidade (e a quantidade) de bons serviços prestados à educação, às pessoas e à sociedade. Educação real vista e realizada como processo facilitador do desenvolvimento das pessoas, da criatividade, da liberdade de opinião e de escolhas.

"Libertar o pensamento para que eleve sobre o desconhecido, construindo as idéias. É com elas que o mundo é feito".

Saída do Antigo Paradigma

(do Ensino)

Entrada no Novo Paradigma

(da Educação)

8 - Fins de Educação

Alcance da instrução e dos conhecimentos mínimos necessários à adequação aos esquemas impostos pela sociedade e as exigências feitas por cada sistema especificamente (para nós, o capitalista).

Padrão aceitável de reprodução do saber de forma pronta, acabada, definitiva e não alterada. Numa autêntica visão de consumo de produto e de resultado.

Obter os requisitos necessários à aprovação final, de conformidade com os regimes institucionais impostos pela estrutura educacional e social, com respaldo do desenvolvimento tecnológico: industrial/econômico/produtivo.

Ordenar o indivíduo segundo as disciplinas e normas clássicas tradicionalmente estabelecidas pelos valores morais e culturais e, obviamente, a serviço do poder constituído.

Conduzir princípios e conhecimentos induzidos por um regime centralizador dos processos educativos visando reproduzir valores impostos pela elite dominante em todos os sentidos.

Sedimentar as bases conceituais e estáticas de conhecimentos e comportamentos durante um certo período de vida, adequando a pessoa aos interesses da estrutura vigente, sejam eles benéficos, ou não.

Processo contínuo de evolução permanente para o posicionamento, a crítica, a reconstrução dos processos individuais e coletivos de aprender e de viver com a melhor qualidade possível.

Crescimento interno, percepção de novos valores e condutas favorecendo ao desenvolvimento social e cultural direcionados à vida como um todo (e não, apenas, ao mercado de trabalho).

Acesso às diversas formas do conhecimento, descobrindo e explorando recursos e meios de melhorias da qualidade da vida humana em sociedade da qual faz parte.

Possibilitar a visão crítica para a reordenação e transformação do meio, do ambiente, das normas, dos princípios e da cultura, com vistas aos ajustes necessários para se viver melhor e mais plenamente.

Abrir espaços e perspectivas para a produção conjunta e por todos os agentes, dos elementos e conhecimentos necessários ao atendimento das necessidades individuais e sociais.

Dinamizar o desenvolvimento global e contínuo da pessoa durante toda a vida, de forma dinâmica, aberta, flexível, em perene evolução e mudança.

Qualificar a pessoa para a conquista da autonomia, da liberdade intelectual, da capacidade crítica de enxergar o mundo e suas relações, constituindo-se um ator consciente da sua história individual e social.

Em Síntese

Políticas, diretrizes, conteúdos, professores e gestão para adequarem as massas sociais aos critérios da exploração capitalista.

Favorecendo aos interesses burgueses e institucionais historicamente estabelecidos e aceitos como certos naturais e legítimos.

Harmonizar os sistemas didáticos e pedagógicos para favorecer ao desenvolvimento integral das pessoas. Capacitando-as para a busca de melhorias concretas em sua qualidade de vida, transformando-as em agentes de mudanças, quando necessárias e da conquista de seus desejos, metas e ideais.

Fonte: Paradigmas em educação no novo milênio, de Antonio da Costa Neto (UDF – Centro Universitário do Distrito Federal – Brasília/2011). Publicado pela

Editora Kelps – Goiânia – Goiás / 3ª Edição


SÓ É UM BOM BRASILEIRO SE FOR EVANGÉLICO!!! ACREDITA NISSO?


A dura vida dos ateus em um Brasil cada vez mais evangélico.

A parábola do taxista e a intolerância. Reflexão a partir de uma conversa no trânsito de São Paulo. A expansão da fé evangélica está mudando “o homem cordial”?

ELIANE BRUM


O diálogo aconteceu entre uma jornalista e um taxista na última sexta-feira. Ela entrou no táxi do ponto do Shopping Villa Lobos, em São Paulo, por volta das 19h30. Como estava escuro demais para ler o jornal, como ela sempre faz, puxou conversa com o motorista de táxi, como ela nunca faz. Falaram do trânsito (inevitável em São Paulo) que, naquela sexta-feira chuvosa e às vésperas de um feriadão, contra todos os prognósticos, estava bom.

Depois, outro taxista emparelhou o carro na Pedroso de Moraes para pedir um “Bom Ar” emprestado ao colega, porque tinha carregado um passageiro “com cheiro de jaula”. Continuaram, e ela comentou que trabalharia no feriado. Ele perguntou o que ela fazia. “Sou jornalista”, ela disse. E ele: “Eu quero muito melhorar o meu português. Estudei, mas escrevo tudo errado”. Ele era jovem, menos de 30 anos. “O melhor jeito de melhorar o português é lendo”, ela sugeriu. “Eu estou lendo mais agora, já li quatro livros neste ano. Para quem não lia nada...”, ele contou. “O importante é ler o que você gosta”, ela estimulou. “O que eu quero agora é ler a Bíblia”. Foi neste ponto que o diálogo conquistou o direito a seguir com travessões.

- Você é evangélico? – ela perguntou.
- Sou! – ele respondeu, animado.
- De que igreja?
- Tenho ido na Novidade de Vida. Mas já fui na Bola de Neve.
- Da Novidade de Vida eu nunca tinha ouvido falar, mas já li matérias sobre a Bola de Neve. É bacana a Novidade de Vida?
- Tou gostando muito. A Bola de Neve também é bem legal. De vez em quando eu vou lá.
- Legal.
- De que religião você é?
- Eu não tenho religião. Sou ateia.
- Deus me livre! Vai lá na Bola de Neve.
- Não, eu não sou religiosa. Sou ateia.
- Deus me livre!
- Engraçado isso. Eu respeito a sua escolha, mas você não respeita a minha.
- (riso nervoso).
- Eu sou uma pessoa decente, honesta, trato as pessoas com respeito, trabalho duro e tento fazer a minha parte para o mundo ser um lugar melhor. Por que eu seria pior por não ter uma fé?

- Por que as boas ações não salvam.
- Não?
- Só Jesus salva. Se você não aceitar Jesus, não será salva.
- Mas eu não quero ser salva.
- Deus me livre!
- Eu não acredito em salvação. Acredito em viver cada dia da melhor forma possível.
- Acho que você é espírita.
- Não, já disse a você. Sou ateia.
- É que Jesus não te pegou ainda. Mas ele vai pegar.
- Olha, sinceramente, acho difícil que Jesus vá me pegar. Mas sabe o que eu acho curioso? Que eu não queira tirar a sua fé, mas você queira tirar a minha não fé. Eu não acho que você seja pior do que eu por ser evangélico, mas você parece achar que é melhor do que eu porque é evangélico. Não era Jesus que pregava a tolerância?
- É, talvez seja melhor a gente mudar de assunto...

O taxista estava confuso. A passageira era ateia, mas parecia do bem. Era tranquila, doce e divertida. Mas ele fora doutrinado para acreditar que um ateu é uma espécie de Satanás. Como resolver esse impasse? (Talvez ele tenha lembrado, naquele momento, que o pastor avisara que o diabo assumia formas muito sedutoras para roubar a alma dos crentes. Mas, como não dá para ler pensamentos, só é possível afirmar que o taxista parecia viver um embate interno: ele não conseguia se convencer de que a mulher que agora falava sobre o cartão do banco que tinha perdido era a personificação do mal.)

Chegaram ao destino depois de mais algumas conversas corriqueiras. Ao se despedir, ela agradeceu a corrida e desejou a ele um bom fim de semana e uma boa noite. Ele retribuiu. E então, não conseguiu conter-se:

- Veja se aparece lá na igreja! – gritou, quando ela abria a porta.
- Veja se vira ateu! – ela retribuiu, bem humorada, antes de fechá-la.
Ainda deu tempo de ouvir uma risada nervosa.

A parábola do taxista me faz pensar em como a vida dos ateus poderá ser dura num Brasil cada vez mais evangélico – ou cada vez mais neopentecostal, já que é esta a característica das igrejas evangélicas que mais crescem. O catolicismo – no mundo contemporâneo, bem sublinhado – mantém uma relação de tolerância com o ateísmo. Por várias razões. Entre elas, a de que é possível ser católico – e não praticante. O fato de você não frequentar a igreja nem pagar o dízimo não chama maior atenção no Brasil católico nem condena ninguém ao inferno. Outra razão importante é que o catolicismo está disseminado na cultura, entrelaçado a uma forma de ver o mundo que influencia inclusive os ateus. Ser ateu num país de maioria católica nunca ameaçou a convivência entre os vizinhos. Ou entre taxistas e passageiros.

Já com os evangélicos neopentecostais, caso das inúmeras igrejas que se multiplicam com nomes cada vez mais imaginativos pelas esquinas das grandes e das pequenas cidades, pelos sertões e pela floresta amazônica, o caso é diferente. E não faço aqui nenhum juízo de valor sobre a fé católica ou a dos neopentecostais. Cada um tem o direito de professar a fé que quiser – assim como a sua não fé. Meu interesse é tentar compreender como essa porção cada vez mais numerosa do país está mudando o modo de ver o mundo e o modo de se relacionar com a cultura. Está mudando a forma de ser brasileiro.

Por que os ateus são uma ameaça às novas denominações evangélicas? Porque as neopentecostais – e não falo aqui nenhuma novidade – são constituídas no modo capitalista. Regidas, portanto, pelas leis de mercado. Por isso, nessas novas igrejas, não há como ser um evangélico não praticante. É possível, como o taxista exemplifica muito bem, pular de uma para outra, como um consumidor diante de vitrines que tentam seduzi-lo a entrar na loja pelo brilho de suas ofertas. Essa dificuldade de “fidelizar um fiel”, ao gerir a igreja como um modelo de negócio, obriga as neopentecostais a uma disputa de mercado cada vez mais agressiva e também a buscar fatias ainda inexploradas. É preciso que os fiéis estejam dentro das igrejas – e elas estão sempre de portas abertas – para consumir um dos muitos produtos milagrosos ou para serem consumidos por doações em dinheiro ou em espécie. O templo é um shopping da fé, com as vantagens e as desvantagens que isso implica.

É também por essa razão que a Igreja Católica, que em períodos de sua longa história atraiu fiéis com ossos de santos e passes para o céu, vive hoje o dilema de ser ameaçada pela vulgaridade das relações capitalistas numa fé de mercado. Dilema que procura resolver de uma maneira bastante inteligente, ao manter a salvo a tradição que tem lhe garantido poder e influência há dois mil anos, mas ao mesmo tempo estimular sua versão de mercado, encarnada pelos carismáticos. Como uma espécie de vanguarda, que contém o avanço das tropas “inimigas” lá na frente sem comprometer a integridade do exército que se mantém mais atrás, padres pop star como Marcelo Rossi e movimentos como a Canção Nova têm sido estratégicos para reduzir a sangria de fiéis para as neopentecostais. Não fosse esse tipo de abordagem mais agressiva e possivelmente já existiria uma porção ainda maior de evangélicos no país.

Tudo indica que a parábola do taxista se tornará cada vez mais frequente nas ruas do Brasil – em novas e ferozes versões. Afinal, não há nada mais ameaçador para o mercado do que quem está fora do mercado por convicção. E quem está fora do mercado da fé? Os ateus. É possível convencer um católico, um espírita ou um umbandista a mudar de religião. Mas é bem mais difícil – quando não impossível – converter um ateu. Para quem não acredita na existência de Deus, qualquer produto religioso, seja ele material, como um travesseiro que cura doenças, ou subjetivo, como o conforto da vida eterna, não tem qualquer apelo. Seria como vender gelo para um esquimó.

Tenho muitos amigos ateus. E eles me contam que têm evitado se apresentar dessa maneira porque a reação é cada vez mais hostil. Por enquanto, a reação é como a do taxista: “Deus me livre!”. Mas percebem que o cerco se aperta e, a qualquer momento, temem que alguém possa empunhar um punhado de dentes de alho diante deles ou iniciar um exorcismo ali mesmo, no sinal fechado ou na padaria da esquina. Acuados, têm preferido declarar-se “agnósticos”. Com sorte, parte dos crentes pode ficar em dúvida e pensar que é alguma igreja nova.

Já conhecia a “Bola de Neve” (ou “Bola de Neve Church, para os íntimos”, como diz o seu site), mas nunca tinha ouvido falar da “Novidade de Vida”. Busquei o site da igreja na internet. Na página de abertura, me deparei com uma preleção intitulada: “O perigo da tolerância”. O texto fala sobre as famílias, afirma que Deus não é tolerante e incita os fiéis a não tolerar o que não venha de Deus. Tolerar “coisas erradas” é o mesmo que “criar demônios de estimação”. Entre as muitas frases exemplares, uma se destaca: “Hoje em dia, o mal da sociedade tem sido a Tolerância (em negrito e em maiúscula)”. Deus me livre!, um ateu talvez tenha vontade de dizer. Mas nem esse conforto lhe resta.

Ainda que o crescimento evangélico no Brasil venha sendo investigado tanto pela academia como pelo jornalismo, é pouco para a profundidade das mudanças que tem trazido à vida cotidiana do país. As transformações no modo de ser brasileiro talvez sejam maiores do que possa parecer à primeira vista. Talvez estejam alterando o “homem cordial” – não no sentido estrito conferido por Sérgio Buarque de Holanda, mas no sentido atribuído pelo senso comum.

Me arriscaria a dizer que a liberdade de credo – e, portanto, também de não credo – determinada pela Constituição está sendo solapada na prática do dia a dia. Não deixa de ser curioso que, no século XXI, ser ateu volte a ter um conteúdo revolucionário. Mas, depois que Sarah Sheeva, uma das filhas de Pepeu Gomes e Baby do Brasil, passou a pastorear mulheres virgens – ou com vontade de voltar a ser – em busca de príncipes encantados, na “Igreja Celular Internacional”, nada mais me surpreende.

Se Deus existe, que nos livre de sermos obrigados a acreditar nele.


Eliane Brum, jornalista, escritora e documentarista (Foto: ÉPOCA)

ELIANE BRUM Jornalista, escritora e
documentarista. Ganhou mais
de 40 prêmios nacionais e
internacionais de reportagem.
É autora de um romance -
Uma Duas (LeYa) - e de três
livros de reportagem: Coluna
Prestes – O Avesso da Lenda
(Artes e Ofícios), A Vida Que
Ninguém Vê
(Arquipélago
Editorial, Prêmio Jabuti 2007)
e O Olho da Rua (Globo).
E codiretora de dois
documentários: Uma História
Severina e Gretchen Filme
Estrada.
elianebrum@uol.com.br


domingo, 13 de novembro de 2011

ESPELHO: a foto mais linda dos meus sobrinhos gêmeos. Concorda?


Obs.: Além deles serem lindos, o tio também é um puta fotógrafo. É mole?

LANÇAMENTO DO MEU NOVO LIVRO: POEMAS PARA OS ANJOS DA TERRA


(clique no convite baixo, para vê-lo aumentado)




No dia 09 de dezembro de 2 011, a partir das 20 horas, aconteceu, no Restaurante Carpe Diem, de Brasília, o coquetel de lançamento do meu novo livro: Poemas para os anjos da terra, juntamente com meu amigo Moysés André da Silva Filho, com o seu Lições de viver e de morrer: construindo tesouros espirituais,
conforme os dados do presente convite. Foi uma festa maravilhosa. Se você se interessa por alguns destes livros é só fazer contato comigo:


61 - 3274 27 55

61 - 9832 25 37

62 - 3206 62 96
Espero você.
O meu, é um livro que homenageia, em versos, Sivânia-Go e sua gente. Revivendo sua cultura, folclore, crenças, valores, bons e saudosos momentos.

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